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Adolescentes Bebem aos 14 Anos
Cada vez mais cedo, jovens desafiam a legislação e os pais consumindo álcool freqüentemente.
É comum, ao percorrer os bares da cidade encontrar jovens, que ainda não atingiram a maior idade, entre 14 e 17 anos, em contato com bebidas alcoólicas.
Segundo a pesquisa "Retratos de Fortaleza Jovem", realizada pela Prefeitura em parceria com o Instituto da Juventude Contemporânea (IJC), 49,4% dos jovens da Capital possuem o hábito de tomar bebida alcoólica. Deste percentual, 31,4% fazem o consumo freqüentemente, 70% são meninos e meninas de 15 a 19 anos e 35% deles começaram por volta dos 14 e 15 anos.
Os dados são preocupantes porque a ingestão de álcool nesta faixa etária pode causar danos, como revela o psiquiatra Paulo Rodrigues. "A adolescência é a fase final da maturação do organismo da pessoa, tanto das atividades do cérebro como das demais funções corporais. O uso de substâncias psicoativas, sejam elas lícitas ou ilícitas, podem levar à morte de neurônios pela toxicidade", observa o especialista.
L.F.M, 16 anos, começou a beber aos 13 e desde então, considera o ato natural. "Minha casa é um bar, que era do meu avô e hoje é do meu tio. Se eu puder, bebo todos os dias, mas certamente tenho bebido todos os fins de semana. Na minha casa, não há proibição, nem repressão. Saio com uns amigos e compramos a bebida que o dinheiro dá. A que mais gosto é tequila, mas hoje estou bebendo vinho porque foi o que conseguimos. Nos reunimos para beber, conversar e interagir. Não há motivo maior".
Vital* ,16, estava reunido com recém-conhecidos em frente ao Centro Cultural Banco do Nordeste, no Centro. Tinha acabado de sair de um festival de rock e bebia cachaça com outros adolescentes, quando foi entrevistado pelo Diário do Nordeste. Ele contou que bebe desde os 12 anos, quando teve a primeira embriaguez. "Era aniversário de um amigo da escola e decidimos gazear aula e comemorar. Compramos um ´celular´. Eu bebi o vidro quase inteiro sozinho e caí duro no chão. Fui para casa não sei como, minha mãe brigou, é lógico, levei uma surra. Mas depois voltei a beber normalmente, e com maior freqüência aos 16 anos. Comprar bebida nunca foi problema para mim, nunca pediram documento nem me proibiram a venda. Bebo por causa da sensação de embriaguez. Esquecer de tudo, não saber de nada.
Lia*, 15, disse que a bebida ajuda no entrosamento e evita chegar em casa bêbada. "Destas pessoas que estão aqui, muitas eu conheci agora. Não somos do mesmo bairro, mas já estamos juntos, nos encontramos e daqui vamos continuar a festa em outro lugar, depois outro e depois outro. Bebemos e nos tornamos amigos. Amigos da comédia, de saídas, de curtição", contou empolgada.
Enquanto bebiam, eles riam, faziam planos de saída e diziam ser donos de si, do próprio destino, fazendo escolhas sozinhos. Marcos*, que não revelou a idade e ostentava uma barba disse que "essa história de idade não importa, porque no fundo eu não tenho a idade que tenho, não sou um jovem, sou um velho".
A respeito das auto-afirmações e do uso da bebida, a psiquiatra Maria Helena Cardoso, observa a raízes deste comportamento, na análise ao lado.
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